terça-feira, 28 de julho de 2015

Pássaro

Hoje acordei "cedo". Considerando que dormi 5 horas e não eram 9:00, isso é cedo. Na expectativa de um dia de sol (como a previsão do tempo tanto afirmara), me levantei e abri a porta.

Pra minha surpresa, não era bem um dia lindo que me aguardava.
O tempo estava nublado e havia cerração por tudo. Nem dava pra enxergar tão além da frente da minha casa. Além disso, tive que começar o dia presenciando outro evento que não queria.

No meu quintal havia um pássaro morto e um gato, que provavelmente o atacara.

Na verdade ele não estava morto. Seus olhos se mexiam e ele tremia, no chão. O gato provavelmente o largara ali por notar minha presença abrindo a porta e se afastara antes de eu sair.

Então, ficou parado me olhando um passarinho ferido, que não conseguia voar.
Que faço eu?


Primeiro tentei vagarosamente empurrá-lo com uma vassoura, pra ver se ele tentava voar, talvez por medo. Mas isso apenas confirmou que ele de fato estava machucado, e não levantaria dali sozinho. Sem muito mais o que pensar, tomei-o e coloquei num local alto, em que nenhum gato ou outro animal terrestre conseguiria alcançá-lo.

O mundo segue uma cadeia alimentar. Não sou vegetariano nem um defensor dos animais. Não me mobilizo por essas causas.  Contudo, pensei por um instante que, se eu fosse uma pequena criatura em um mundo onde existissem diversos predadores maiores e mais fortes, e se eu me encontrasse numa situação perigosa como aquela, ficaria grato ao gigante bondoso que me colocasse fora do perigo iminente.

Ainda que fosse para apenas olhar o mundo de um lugar de cima, esperando para morrer.

Talvez eu não seja tão bom para me mobilizar por conta desses casos, mas também não seja tão ruim a ponto de ignorar aqueles que surgem na minha frente.

O gato que salvei semana passada é outro exemplo disso.





De qualquer forma, isso iniciou meu dia de uma forma um pouquinho azeda. Ao pensar que fiz uma "boa ação" insignificante, pois de nada iria adiantar prolongar a vida daquele ser alado.
Ou iria? Reconheço que não sei. Não cheguei a uma conclusão. Nem pensei muito sobre isso.

Mas acho que, mesmo diante da morte certa, a maioria das criaturas ainda gostaria de prolongar o tempo que lhes resta nesse mundo. Por outro lado, dizem que o segredo em pescar está em levantar a linha com o peixe mordendo a isca justamente porque ele para de se debater quando está no ar, diante da morte certa. Pelo menos, ele deixa de lutar.

Mas por não lutar, ele não quer viver?

Depois disso, tomei um café razoável e fui pra academia. Pernas e ombros, seguido de meia hora correndo na esteira. Foi um treino bom. Corrida intensa, puxada. Vendo os minutos se desenrolarem, correndo a simples mas constantes e cansativos 10km/h.

E conforme a manhã foi passado, as nuvens se absteram de bloquear a luz e o sol deu as caras. Um sol límpido, junto de um céu azul. Mesmo um calorzinho foi tomando conta, o que me fez carregar nas mãos o excesso de roupa que levara pra não passar frio. No fim das contas, a previsão do tempo acertou mesmo.

Ao chegar em casa, vi que o pássaro continuava lá. Olhando pro nada, Imóvel. Vivo ou morto, estava com o mesmo olhar penetrante.




Morrer é a única certeza que há nesse mundo. Pelo menos enquanto a tecnologia não nos transformar facilmente em androides/ciborgues, todos temos em mente que um dia deixaremos de existir nesse mundo. Que nosso corpo se transformará em pó. E sem a mínima ideia do que acontecerá com nossa mente.

Da mesma forma que as pessoas dão mais valor ao que não têm ou que o têm de forma inconstante ou mesmo rara, damos mais valor à vida por sabermos que um dia vamos morrer. "Existimos", mas nossa existência tem um prazo de validade - sujeito ainda a eventos supervenientes que podem invalidá-la muito antes do esperado, sem previsão.

Esse conhecimento da morte deve ser, então, um gatilho. Uma motivação, que nos estimule a viver os dias cientes desse tempo que passa. Felizes ao fazer as coisas; sem esperar atingir certos ápices para atingir a felicidade. Felizes por nós mesmos e por nossos queridos. Felizes por termos deveres para cumprir, e momentos pra relaxar nos domingos. Felizes por termos sido escolhidos, dentre bilhões de outros espermatozóides. Felizes por estarmos, afinal, vivos.

Mesmo aquele pássaro, que já não deve mais existir, viveu e, diante da morte, se apegou à vida o máximo que pôde.

De um jeito ou de outro, estamos todos vivendo.
Mas acho que uns mais do que outros.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Update

Faz realmente um bom tempo que não posto nada por aqui. Talvez por falta de tempo; falta de interesse. Falta de "necessidade" de escrever sobre algumas coisas.
Contudo, essa é a terceira noite chuvosa seguida, e essas músicas instrumentais e OSTs estão me estimulando a colocar no papel. Mesmo que sejam 04:10 e eu acorde antes das 10h.


Saí do Direito, fiz intercâmbio pro Canadá, troquei o curso pra Relações Internacionais. Tive dois namoros sérios desde 2011. Segui a academia normalmente, atualmente tendo frequentado cerca de 5 anos 3 meses. Esses são os principais updates.



A sensação de constante expectativa...
Talvez isso me defina, parcialmente, hoje.

Expectativa de certa resposta.
E o fato dessa resposta ter sido adiada e esteja sendo mais uma vez, me dá voltas no estômago.
Por ser algo que irá determinar o que acontecerá, pelo menos, nos meus próximos meses - o que farei, o que estudarei, onde trabalharei, onde morarei.

Nesse sentido, só posso aguardar. Faz mais de uma semana que estou aguardando pacientemente (reclamando, é claro. Mas dane-se)


Eu deveria aproveitar bem esse meio tempo que estou "no ar". Até tenho feito isso, na verdade. Seguir assistindo Breaking Bad, Yu gi oh 5D e Hajime no Ippo sem dúvida foi uma excelente maneira de passar esse tempo, quando estou sozinho.
Também gosto de jogar. Maior passatempo são jogos nunca iguais de bolinhas coloridas, que brilham, extouram na tela - como Peggle e Zuma.


Anyway


Acho que não tenho feito da maneira que eu realmente gostaria.
Corresponder ao meu lado ansioso por viver. Meu lado animal, selvagem, louco por adrenalina. Por energia, pelo calor interno.

Acho que me acostumei tanto a ocultar e oprimir esse meu lado, que agora ele está impaciente em querer mostrar as caras. Como quando o Ichigo não consegue mais controlar o Hollow dele, no Bleach.

"Ore ga ou ni naru"
"(Agora) Eu sou o Rei!"


A verdade é que eu tenho uma quantidade de energia tão grande que isso se reflete até mesmo no volume da minha voz. Falando alto. GRITO. RIO BEM ALTO. EXPLODO!
Tenho feito o melhor uso desse dispêndio de energia constantemente treinando, me exercitando. Erguendo pesos. Correndo. E, se pudesse, ficaria batendo num saco de pancadas com uma luva de boxe, pra desestressar.

Mas aparentemente, nem isso é o bastante.
Não pra essa minha alma intensa, recheada de sede de viver.

E na atualidade, essa sede de viver está aliada a uma sensação de expectativa que não tem saído da minha cabeça.
Pra piorar, não pude ir na academia nos últimos 4 dias. Isso se reflete muito no meu humor e na maneira que interajo com as pessoas. Preciso fazer exercício o quanto antes.


Preciso de uma praia. Acompanhada, é claro, de um calor.

Não há nada como a sensação de um dia lindo, de céu azul e água do mar.
Ondas.
Ondas do mar nunca são iguais. Elas podem ser parecidas, mas nunca são iguais. Sempre vem com força, altura e nível de espuma diferente das outras.

Há três coisas que se pode fazer quando se está no mar e vem uma onda relativamente grande:
-Mergulhar, se você é alguém sem graça ou tem medo;
-Se virar de costas e "pegar" a onda - e seu desempenho dependerá do momento em que a onda está "caindo" ou passando por você, se estará próxima da crista, ou não (dependendo você será apenas engolido e batido na areia do chão, dando mortais sem controle algum, como que num liquidificador gigante [E se for eu, ficará mais feliz ainda e gritará "DE NOVO"])
-A mais difícil, que é ENFRENTAR a onda. É simplesmente pular na direção dela, e saiba-se lá o que acontecerá contigo (possivelmente "vencerá" ela ou será batido na areia dando mortais, etc, como citado anteriormente)

Quando vou pra praia, gosto de ficar 80% do tempo no mar. Talvez pelo fato de que "O sol" eu tenho quando estou na minha cidade natal; o mar tenho apenas quando vou pra praia.
Ou talvez eu apenas goste  pacas, mesmo.

Ouvindo o encerramento de Kaiji, meu segundo anime favorito, me despeço.



Constantemente me lembro de um quote de uma música do Frejat. Eu até tatuaria essa frase, se um dia pensar em fazer uma tatuagem.

(...)(Não vou viver de memórias...) 

Viver é bem mais!